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O Cenário do Agronegócio Brasileiro para 2026: Tendências, Oportunidades e Desafios Jurídico-Ambientais

A realização da COP30 no Brasil, em 2025, coloca o país no centro da agenda climática global e impõe novos desafios regulatórios e mercadológicos para empresas que atuam com uso de recursos naturais, emissões de gases de efeito estufa e cadeias globais de valor. O evento deve acelerar exigências relacionadas à redução de emissões, rastreabilidade da produção, compliance climático, mercado de carbono e acesso a financiamentos verdes.

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O agronegócio brasileiro está em constante transformação. A crescente pressão por sustentabilidade, transparência e responsabilidade ambiental — vinda tanto de mercados internacionais quanto da sociedade — redefine as estratégias do setor.

Com a aproximação de 2026, produtores rurais e empresas do agro precisam se preparar para um cenário mais exigente do ponto de vista regulatório, ambiental e comercial. Neste artigo, apresentamos as principais tendências e desafios que devem moldar o agronegócio brasileiro nos próximos anos, com foco nas exigências legais, rastreabilidade, ESG, mercado de carbono e oportunidades de financiamento verde.

 

Expectativas de crescimento e transformações estruturais

O Brasil continuará sendo um dos maiores produtores mundiais de alimentos, fibras e bioenergia. A demanda internacional por grãos, proteína animal e biocombustíveis tende a crescer, impulsionada por mercados como China, União Europeia, Estados Unidos e Oriente Médio.

Contudo, o crescimento do agro não será apenas quantitativo. O setor caminha para uma transformação estrutural:

  • Digitalização das cadeias produtivas;
  • Integração com tecnologias de rastreabilidade e monitoramento ambiental;
  • Fortalecimento de cadeias sustentáveis e regenerativas;
  • Consolidação do agro como ator central no debate climático.

 

Rastreabilidade e exigências dos mercados internacionais

 

A rastreabilidade já é uma realidade — e será obrigatória em diversos mercados até 2026. A União Europeia, por exemplo, exigirá comprovação de que produtos agrícolas importados não estão ligados ao desmatamento, mesmo legal.

As exigências incluem:

  • Georreferenciamento de propriedades e lotes;
  • Sistemas digitais de rastreabilidade integrada (como blockchain);
  • Certificação de origem legal e ambiental;
  • Transparência contratual nas cadeias de fornecimento.

Empresas e produtores que não se adequarem poderão ser excluídos de mercados estratégicos.

 

ESG e governança no campo

A agenda ESG (Environmental, Social and Governance) chegou ao agronegócio para ficar. Financiadores, indústrias compradoras, cooperativas e exportadores estão exigindo padrões mínimos de boas práticas ambientais, sociais e de governança.

Para o agro, isso significa:

  • Adequação das propriedades ao Código Florestal (reserva legal, APPs);
  • Implementação de políticas internas de governança ambiental e compliance;
  • Relatórios e auditorias periódicas sobre o impacto das atividades;
  • Adoção de práticas agrícolas sustentáveis (ILPF, bioinsumos, agricultura regenerativa).

O produtor que se organiza, documenta e profissionaliza sua gestão estará à frente.

 

Pressão regulatória e endurecimento da fiscalização ambiental

A fiscalização ambiental, especialmente sobre desmatamento, uso irregular do solo e outorgas de água, deve se intensificar.

Em 2026, espera-se:

  • Integração mais ampla de dados entre IBAMA, Receita Federal, INCRA e órgãos estaduais;
  • Monitoramento remoto por satélite com inteligência artificial;
  • Aumento da responsabilização de sócios e administradores por infrações;
  • Aplicação mais severa de multas, embargos e ações civis públicas.

Manter a documentação em dia, cumprir condicionantes e adotar postura preventiva será crucial para evitar sanções.

 

Mercado de carbono: novas oportunidades para o produtor rural

Com a regulamentação do mercado de carbono no Brasil, produtores poderão ser remunerados por boas práticas ambientais.

O agro será protagonista em:

  • Geração de créditos de carbono por preservação e reflorestamento;
  • Adoção de tecnologias que reduzem emissões (manejo de solo, fertilizantes, energia limpa);
  • Participação em programas voluntários e regulados de compensação.

Produtores que estruturarem seus projetos desde já, com apoio técnico e jurídico, terão vantagem competitiva na comercialização desses créditos.

 

Financiamento verde e crédito agrícola com critérios ambientais

Cada vez mais, bancos e instituições financeiras estão condicionando o crédito à comprovação de regularidade ambiental.

Tendências para 2026:

  • Linhas de crédito específicas para projetos sustentáveis;
  • Exigência de CAR validado, licenças ambientais, adesão a boas práticas;
  • Preferência para produtores certificados ou inseridos em cadeias verdes;
  • Penalização de produtores com passivos ambientais ou embargos vigentes.

Estar regularizado ambientalmente será também um pré-requisito para acessar recursos do Plano Safra e fundos internacionais.

 

Propriedade rural legalizada: um ativo estratégico

A regularização fundiária e ambiental será um dos diferenciais do agronegócio nos próximos anos.

Para 2026, espera-se:

  • Conclusão de validações do CAR em larga escala;
  • Integração de bases fundiárias e ambientais para emissão de títulos e financiamentos;
  • Penalização fiscal e jurídica para propriedades irregulares;
  • Exigência de matrícula e registro fundiário compatível com a legislação ambiental.

A terra legalizada e com documentação ambiental em ordem se valoriza e abre portas para negócios, parcerias e exportação.

 

O papel do jurídico ambiental preventivo

Com a ampliação das obrigações ambientais, o assessoramento jurídico especializado deixa de ser apenas uma necessidade reativa e se torna um diferencial estratégico no planejamento rural.

A atuação preventiva permite:

  • Revisão de passivos e riscos em aquisições de imóveis;
  • Acompanhamento de processos de licenciamento e outorgas;
  • Defesa em autos de infração e embargos ambientais;
  • Estruturação jurídica para acesso a mercados regulados de carbono;
  • Apoio na elaboração de políticas internas, treinamentos e compliance ambiental.

 

Conclusão

O agronegócio brasileiro em 2026 será ainda mais competitivo — e também mais fiscalizado, regulamentado e exigente.

Empresas e produtores rurais que desejam permanecer no mercado e expandir seus negócios precisam se antecipar às exigências ambientais, legais e de mercado, transformando o desafio em oportunidade.

A profissionalização da gestão ambiental, aliada à regularização fundiária e ao apoio jurídico especializado, será o caminho mais seguro para quem quer crescer com segurança jurídica, solidez econômica e reconhecimento internacional.

Sua propriedade rural ou empresa do agro está preparada para 2026? Fale com a Martins Zanchet Advocacia Ambiental e prepare-se com quem entende de agronegócio e legislação ambiental.


 

 

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Conheça os autores

Adivan Zanchet

OAB/RS 94.838 || OAB/SC 61.718-A || OAB/SP 521767

Advogado e Professor especialista em Direito Ambiental pela Escola Verbo Jurídico, e em Direito Agrário e do Agronegócio, pela FMP – Fundação Escola Superior do Ministério Público. Sócio-fundador e CEO do escritório MartinsZanchet Advocacia Ambiental. Como Advogado Ambiental, tem sua expertise voltada para Responsabilidade Civil Ambiental. Sócio-fundador da Escola de Direito Ambiental. Sócio-fundador do Canal no YouTube e Podcast Inteligência Ambiental, maior canal do Brasil sobre a matéria de Direito Ambiental. Membro da União Brasileira de Advogados Ambientais (UBAA). Autor de diversos artigos, dentre eles “Responsabilidade Civil Ambiental: as dificuldades em se comprovar o nexo causal”.

Tiago Martins

OAB/PA 19.557 || OAB/SC 68.826-A || OAB/SP 518418

Advogado e Professor de Direito Ambiental com maior atuação no contencioso cível, administrativo e penal ambiental, além de prestar consultoria e assessoria ambiental. É Mestre em Direito e Desenvolvimento Sustentável: Direito e Políticas Públicas pelo Centro Universitário do Pará – Belém. Especialista em Direito Público com Ênfase em Gestão Pública e Capacitação para o Magistério Superior pelo IBMEC São Paulo. Professor Universitário de Graduação e Pós-Graduação, focado em Direito Ambiental, Direito Administrativo e Direito Constitucional. Sócio-fundador da Escola de Direito Ambiental. Sócio-fundador do Canal no YouTube e Podcast Inteligência Ambiental, maior canal do Brasil sobre Direito Ambiental. Professor em preparatórios para concursos públicos e exame de ordem, com foco em Direito Ambiental e Ética Profissional. Membro da União Brasileira de Advogados Ambientais (UBAA).

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