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Regulamento EUDR (UE 2023/1115): Exportação Brasileira para a União Europeia

O EUDR (Regulamento da União Europeia sobre Desmatamento, UE 2023/1115) foi criado como uma resposta às crescentes preocupações ambientais e ao compromisso da UE em reduzir seu impacto ecológico global.

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O mercado de exportação brasileiro tem sido historicamente robusto, com destaque para produtos como café, carne e soja. No entanto, com a crescente preocupação ambiental global, a União Europeia (UE) implementou uma nova legislação que visa combater o desmatamento associado à produção desses produtos.

O Regulamento EUDR (UE 2023/1115), efetivo desde 2023, estabelece normas rigorosas para garantir que os produtos que entram no mercado da UE não contribuam para o desmatamento.

Este artigo explora os principais pontos dessa legislação e suas implicações para exportadores brasileiros.

Contexto e Importância do Regulamento EUDR

O EUDR (Regulamento da União Europeia sobre Desmatamento, UE 2023/1115) foi criado como uma resposta às crescentes preocupações ambientais e ao compromisso da UE em reduzir seu impacto ecológico global.

O regulamento estabelece critérios específicos para a importação de produtos agrícolas, focando em cadeias de abastecimento livres de desmatamento. Esse regulamento é parte de uma política mais ampla da UE para promover práticas sustentáveis e minimizar os impactos ambientais adversos causados pela produção agrícola.

Produtos Regulamentados

Os produtos brasileiros mais impactados por esta regulamentação são o café, a carne, a soja, cacau, palmeira-dendém e a madeira, que são pilares da economia de exportação do país.

  • Café – O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, e a União Europeia é um dos principais mercados consumidores. O EUDR exige que todo o café importado pela UE tenha garantias de que não contribui para o desmatamento. Os produtores brasileiros precisam adotar práticas de rastreabilidade e fornecer evidências de que suas operações são sustentáveis.
  • Carne – O setor de carne, particularmente de bovinos, enfrenta desafios significativos com a nova legislação. A pecuária é frequentemente associada ao desmatamento na Amazônia. O EUDR impõe que as empresas forneçam provas de que a carne exportada para a UE não está ligada a áreas desmatadas após 2020, exigindo auditorias rigorosas e rastreamento desde a fazenda até o ponto de exportação.
  • Soja – A soja é outro produto crucial para as exportações brasileiras e está diretamente relacionada ao desmatamento, especialmente no Cerrado. O regulamento da UE exige que a soja exportada seja rastreável e livre de desmatamento, incentivando práticas agrícolas mais sustentáveis e a utilização de áreas já desmatadas anteriormente para novas plantações.
  • Cacau – A produção de cacau no Brasil, embora menos volumosa que a de café, carne e soja, também é significativa, especialmente para mercados como o europeu. O EUDR exige que os produtores de cacau forneçam garantias de que a produção não está associada ao desmatamento. Isto significa que os produtores precisam adotar práticas agrícolas que preservem a floresta nativa e garantam a sustentabilidade da produção.
  • Palmeira-Dendém – O óleo de palma, derivado da palmeira-dendém, é amplamente utilizado na indústria alimentícia e de cosméticos. A produção de palmeira-dendém no Brasil deve agora cumprir com os requisitos do EUDR, que exigem provas de que a produção não contribui para o desmatamento. Isso implica em uma maior transparência na cadeia de suprimentos e a adoção de métodos de cultivo sustentáveis.
  • Madeira – A exportação de madeira também é um setor significativo da economia brasileira. O EUDR impõe restrições rigorosas à importação de madeira, exigindo que os exportadores comprovem a origem legal e sustentável do produto. Isso requer a implementação de sistemas de rastreamento que garantam que a madeira não provém de áreas desmatadas ilegalmente.

EUDR: Legislação e Compliance Ambiental

Para cumprir o EUDR, os exportadores brasileiros devem implementar sistemas robustos de rastreabilidade e verificação. Isso inclui auditorias de cadeia de suprimentos, certificações ambientais, tecnologia de rastreamento e parcerias estratégicas.

-Auditorias de Cadeia de Suprimentos:

As auditorias são essenciais para monitorar toda a cadeia de suprimentos, desde a produção até a exportação. Os produtores devem estar preparados para fornecer documentação detalhada que comprove a origem dos produtos e o cumprimento das normas de sustentabilidade. Essas auditorias ajudam a identificar e mitigar riscos de desmatamento, garantindo que os produtos estejam em conformidade com os requisitos do EUDR.

-Certificações Ambientais:

As certificações ambientais são fundamentais para demonstrar a conformidade com as normas europeias, pois ajudam a assegurar aos compradores europeus que os produtos são provenientes de fontes sustentáveis. As certificações também podem abrir novos mercados e aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

-Tecnologia de Rastreamento:

O uso de tecnologias avançadas de rastreamento, como blockchain e geolocalização, é crucial para assegurar a origem dos produtos e demonstrar a conformidade com as exigências do EUDR. Essas tecnologias permitem a transparência total da cadeia de suprimentos, facilitando a identificação de áreas de risco e a implementação de medidas corretivas.

-Parcerias Estratégicas:

A colaboração com ONGs e entidades certificadoras é vital para promover práticas agrícolas sustentáveis e assegurar a conformidade com as normas do EUDR. Parcerias estratégicas podem fornecer suporte técnico e financeiro para a adoção de práticas sustentáveis, além de fortalecer a posição dos exportadores brasileiros no mercado europeu.

Desafios e Oportunidades no EUDR

Embora o cumprimento do EUDR represente um desafio significativo para os exportadores brasileiros, ele também oferece oportunidades.

Empresas que adotam práticas sustentáveis podem usar a compliance como um diferencial competitivo no mercado europeu, que valoriza cada vez mais a responsabilidade ambiental.

A conformidade com o EUDR não só é essencial para evitar barreiras comerciais, mas também oferece uma oportunidade para as empresas brasileiras se destacarem como líderes em práticas agrícolas sustentáveis.

Ao abraçar essas mudanças, o Brasil pode fortalecer sua posição no mercado global, promovendo um desenvolvimento econômico que respeita e preserva o meio ambiente.

É fundamental que as empresas e produtores brasileiros estejam bem informados e preparados para implementar as exigências do EUDR, garantindo assim a continuidade e o crescimento de suas exportações para a União Europeia.

Conclusão

Como o Martins Zanchet Advocacia Ambiental auxilia:

O Regulamento EUDR (UE 2023/1115) impõe um novo padrão para a exportação de produtos agrícolas para a União Europeia, focando na sustentabilidade e na preservação ambiental.

Exportadores brasileiros de café, carne, soja, cacau, palmeira-dendém e madeira precisam se adaptar a essas novas exigências para manter e expandir seu acesso ao mercado europeu. A conformidade com o EUDR não só é essencial para evitar barreiras comerciais, mas também oferece uma oportunidade para as empresas brasileiras se destacarem como líderes em práticas agrícolas sustentáveis.

Nós sabemos como auxiliar sua empresa no cumprimento das exigências do EUDR, visando seu crescimento sustentável e o fortalecimento da posição no mercado europeu.

Entre em contato conosco para entender como podemos ajudar a sua empresa a se adaptar a essa nova realidade, promovendo práticas agrícolas sustentáveis e garantindo o acesso contínuo ao mercado da União Europeia. Juntos, podemos transformar desafios em oportunidades, impulsionando o crescimento do seu negócio e contribuindo para a preservação do meio ambiente.

 


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Conheça os autores

Adivan Zanchet

OAB/RS 94.838 || OAB/SC 61.718-A || OAB/SP 521767

Advogado e Professor especialista em Direito Ambiental pela Escola Verbo Jurídico, e em Direito Agrário e do Agronegócio, pela FMP – Fundação Escola Superior do Ministério Público. Sócio-fundador e CEO do escritório MartinsZanchet Inteligência Ambiental Para Negócios. Como Advogado Ambiental, tem sua expertise voltada para Responsabilidade Civil Ambiental. Sócio-fundador da Escola de Direito Ambiental. Sócio-fundador do Canal no YouTube e Podcast Inteligência Ambiental, maior canal do Brasil sobre a matéria de Direito Ambiental. Membro da União Brasileira de Advogados Ambientais (UBAA). Autor de diversos artigos, dentre eles “Responsabilidade Civil Ambiental: as dificuldades em se comprovar o nexo causal”.

Tiago Martins

OAB/PA 19.557 || OAB/SC 68.826-A || OAB/SP 518418

Advogado e Professor de Direito Ambiental com maior atuação no contencioso cível, administrativo e penal ambiental, além de prestar consultoria e assessoria ambiental. É Mestre em Direito e Desenvolvimento Sustentável: Direito e Políticas Públicas pelo Centro Universitário do Pará – Belém. Especialista em Direito Público com Ênfase em Gestão Pública e Capacitação para o Magistério Superior pelo IBMEC São Paulo. Conselheiro Seccional Suplente – OAB/PA. Conselheiro Suplente no Conselho de Desenvolvimento Urbano de Belém/PA. Professor Universitário de Graduação e Pós-Graduação, focado em Direito Ambiental, Direito Administrativo e Direito Constitucional. Sócio-fundador da Escola de Direito Ambiental. Sócio-fundador do Canal no YouTube e Podcast Inteligência Ambiental, maior canal do Brasil sobre Direito Ambiental. Professor em preparatórios para concursos públicos e exame de ordem, com foco em Direito Ambiental e Ética Profissional. Membro da União Brasileira de Advogados Ambientais (UBAA).

Cristiany Andrades

Head Setor de Relacionamento com o Cliente

Graduada em Direito e Especialista em Relacionamento, Atendimento e Sucesso do Cliente.
Especialista em Vendas e Negócios.
Desenvolveu uma grande paixão pela área de Relacionamento, se destacando pelo atendimento de excelência e personalizado prestado aos clientes, bem como a alta taxa de conversão em contratos fechados, recebendo diversas premiações pelo grande desempenho.
Head e responsável pelo Setor de Relacionamento com o Cliente do Martins Zanchet Advocacia Ambiental.
Desempenha um papel crucial desde o início do relacionamento com o cliente, estabelecendo uma comunicação clara para entender as suas necessidades e expectativas específicas. É o ponto de contato que oferece suporte personalizado aos clientes durante toda a jornada em nosso Escritório.
Profissional responsável por garantir a satisfação e o engajamento dos clientes.
Auxilia os clientes para que alcancem os seus objetivos, aproveitando, ao máximo, os serviços jurídicos e o suporte especializado oferecidos pelo Escritório.
Integra o BNI – a maior rede de networking profissional do mundo- sendo membro e Coordenadora de Mentores.
Sua principal missão é comunicar com os clientes de forma assertiva, para que potencializem os seus negócios, em conformidade com o meio ambiente.

Clara Machado Teixeira

Setor de Relacionamento com o Cliente

Cursando o 9º período de direito na Universidade Veiga de Almeida. Tem como histórico profissional: Estagiária no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Vasta experiência em elaboração de peças processuais, atendimento ao público e elaboração de documentos legais. Integra o Setor de Relacionamento com o Cliente do Martins Zanchet Advocacia Ambiental

 

Felipe Parente Pedroso

Engenheiro Ambiental

Graduado em Engenharia Ambiental pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, com especialização em Perícia Ambiental Judicial e Licenciamento Ambiental.
Atualmente, atua como Consultor Ambiental interno no Martins Zanchet Advocacia Ambiental, onde aplica suas habilidades e conhecimentos em projetos ambientais variados, garantindo a conformidade e a sustentabilidade dos empreendimentos.
Desenvolveu uma ampla experiência em processos de licenciamento ambiental, perícias ambientais complexas e monitoramento ambiental de alta precisão utilizando drones. Durante sua carreira, destacou-se na elaboração de perícias ambientais envolvendo temas como contaminação do solo, intervenção em Áreas de Preservação Permanente (APP), invasão de Unidades de Conservação e Regularização Fundiária.
Possui habilidades avançadas em gestão ambiental, elaboração de estudos técnicos, operação de drones, e uso de ferramentas de SIG. Também tem vasta experiência em vistorias e relatórios, gerenciamento de projetos e liderança de equipe.
Está sempre em busca de novas oportunidades para colaborar e inovar na área ambiental, enfrentando desafios com foco na sustentabilidade e responsabilidade ambiental. Além de suas atividades profissionais, participou de intercâmbios internacionais nos Estados Unidos e Gabão, enriquecendo sua experiência cultural e profissional.

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