Evite Multas e Embargos com Defesa Ambiental Técnica
Com o avanço da fiscalização ambiental no Brasil, cresce o número de autuações baseadas em imagens de satélite ou denúncias. Esse cenário exige resposta técnica e jurídica precisa. Este artigo explica como funciona o processo administrativo ambiental, os erros mais comuns na defesa e como um assessoramento especializado pode evitar multas, embargos e outras penalidades severas.
O Avanço da Fiscalização e a Necessidade de Resposta Técnica
Com a intensificação da fiscalização ambiental no Brasil, cresce o número de produtores rurais, empresas e empreendimentos autuados por infrações à legislação ambiental. Em muitos casos, essas autuações são emitidas automaticamente com base em dados remotos, como imagens de satélite, sem considerar a realidade operacional da propriedade.
Essa tendência tem gerado insegurança jurídica e penalidades indevidas, exigindo uma resposta técnica e jurídica qualificada desde o início do processo. A atuação defensiva, quando bem estruturada, pode resultar na anulação de autos de infração, na mitigação de penalidades e na manutenção da regularidade da atividade produtiva.
O Que é um Processo Administrativo Ambiental?
O processo administrativo ambiental é um procedimento formal instaurado pelo poder público para apurar eventuais infrações à legislação ambiental vigente. Geralmente, inicia-se com a lavratura de um auto de infração por agente fiscal ou com base em monitoramento remoto ou denúncias.
Tem como finalidade a responsabilização administrativa do infrator, conforme previsto na Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) e no Decreto nº 6.514/2008, podendo acarretar multas, embargos, interdições e outras sanções.
Quais Órgãos Podem Aplicar Sanções?
O processo pode ser instaurado por diversos entes da administração pública ambiental:
IBAMA (nível federal);
Secretarias Estaduais de Meio Ambiente (como SEMAD, SEMA, CETESB);
Órgãos e secretarias municipais com competência ambiental;
Autarquias e agências reguladoras específicas.
Cada um possui regimentos próprios, mas todos estão submetidos aos princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa, legalidade e devido processo legal.
Motivos Mais Comuns de Autuação
As principais infrações que levam à instauração de processos administrativos incluem:
Desmatamento ou supressão de vegetação nativa sem autorização;
Queima de vegetação fora dos critérios legais;
Instalação ou operação de empreendimento sem licença ambiental válida;
Poluição de recursos naturais acima dos limites legais permitidos;
Descumprimento de condicionantes impostas em licenças ambientais;
Intervenções não autorizadas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) ou em Unidades de Conservação.
Etapas de um Processo Administrativo Ambiental
Lavratura do Auto de Infração: Documento inicial que registra a infração alegada, identificando o suposto infrator e a base legal da penalidade.
Notificação para Apresentação de Defesa: O autuado é intimado para apresentar defesa prévia em prazo que pode variar entre 10 e 20 dias úteis, conforme o órgão responsável.
Julgamento em Primeira Instância: O setor jurídico do órgão ambiental analisa a defesa e emite decisão fundamentada.
Aplicação da Penalidade: Caso a defesa não seja acolhida, é aplicada a sanção administrativa cabível, com definição de prazos para cumprimento.
Recurso Administrativo: O autuado pode recorrer à instância superior dentro do próprio órgão, apresentando argumentos adicionais.
Encerramento ou Inscrição em Dívida Ativa: Se não houver pagamento ou reversão da penalidade, a multa pode ser inscrita em dívida ativa, gerando cobrança judicial.
Sanções Possíveis em Casos de Condenação
Multas simples, diárias ou cumulativas (variando de R$ 1.000 a R$ 50.000.000, conforme a infração e seu impacto);
Embargos de áreas, obras ou empreendimentos;
Suspensão ou cancelamento de licenças ambientais;
Interdição temporária ou definitiva das atividades;
Confisco de bens e equipamentos utilizados na infração.
Como Apresentar uma Defesa Técnica Eficiente
A resposta à autuação deve ir além da contestação genérica. Uma defesa consistente exige:
Análise técnica do auto de infração: Verificação de sua legalidade formal, motivação e adequação da sanção à conduta;
Documentação de suporte: Licenças, mapas, registros fotográficos, laudos técnicos e declarações que comprovem a legalidade da atividade;
Contestação fundamentada: Indicação de erros de interpretação técnica ou jurídica por parte da fiscalização;
Provas técnicas especializadas: Pareceres ambientais, estudos de georreferenciamento, perícias ou análises laboratoriais;
Demonstração de boa-fé: Especialmente nos casos em que não houve dolo ou em que a infração não causou dano relevante.
Erros Comuns Que Devem Ser Evitados
Perder prazos processuais: Omissão quanto às notificações ou falta de resposta dentro dos prazos pode resultar em sanções automáticas;
Apresentar defesa genérica: Defesas sem base técnica são facilmente rejeitadas;
Confiar exclusivamente na fase recursal: O recurso deve ser complementar, não a primeira resposta séria ao auto;
Ignorar as obrigações acessórias: Algumas sanções podem ser mitigadas com medidas compensatórias ou ajustamentos, que devem ser solicitados tempestivamente.
Como um Escritório Especializado Pode Atuar
O acompanhamento jurídico especializado é decisivo para reduzir os impactos de uma autuação e assegurar a continuidade das atividades do produtor ou da empresa. Entre as principais funções estão:
Avaliação jurídica do auto e de seus fundamentos legais;
Interlocução técnica com engenheiros ambientais, agrônomos e peritos para produzir provas robustas;
Apresentação de defesa jurídica estruturada, com suporte técnico e normativo;
Negociação de termos de ajustamento ou alternativas de regularização junto ao órgão autuador;
Acompanhamento do processo até sua conclusão, incluindo eventual judicialização.
E Se a Penalidade For Mantida?
Caso o processo administrativo se encerre com a manutenção da penalidade, ainda é possível:
Propor ação judicial para anular ou revisar o auto de infração, especialmente em casos com vício de forma, ausência de dano ou desproporcionalidade da sanção;
Solicitar parcelamento da multa com base em resoluções do órgão competente;
Converter a multa em prestação de serviços ambientais, quando previsto;
Acompanhar a execução fiscal para evitar bloqueios ou penhora de bens, caso a multa não seja paga.
Conclusão
Processos administrativos ambientais devem ser enfrentados com seriedade, estratégia e apoio técnico-jurídico desde o início. A forma como se responde à autuação pode definir se a penalidade será revertida, reduzida ou aplicada integralmente.
A defesa bem construída, com base em argumentos legais, documentos e provas técnicas, é o caminho mais seguro para preservar os direitos do autuado e garantir a continuidade das atividades econômicas com respaldo jurídico.
Recebeu uma autuação ambiental ou está enfrentando um processo administrativo? Fale com a Martins Zanchet Advocacia Ambiental. Nossa equipe atua em todo o Brasil com soluções jurídicas e técnicas completas para proteger você, sua propriedade e seu empreendimento.
Ou acesse diretamente pelo nosso canal do YouTube clicando AQUI!
Conheça os autores
Adivan Zanchet
OAB/RS 94.838 || OAB/SC 61.718-A || OAB/SP 521767
Advogado e Professor especialista em Direito Ambiental pela Escola Verbo Jurídico, e em Direito Agrário e do Agronegócio, pela FMP – Fundação Escola Superior do Ministério Público. Sócio-fundador e CEO do escritório MartinsZanchet Inteligência Ambiental Para Negócios. Como Advogado Ambiental, tem sua expertise voltada para Responsabilidade Civil Ambiental. Sócio-fundador da Escola de Direito Ambiental. Sócio-fundador do Canal no YouTube e Podcast Inteligência Ambiental, maior canal do Brasil sobre a matéria de Direito Ambiental. Membro da União Brasileira de Advogados Ambientais (UBAA). Autor de diversos artigos, dentre eles “Responsabilidade Civil Ambiental: as dificuldades em se comprovar o nexo causal”.
Tiago Martins
OAB/PA 19.557 || OAB/SC 68.826-A || OAB/SP 518418
Advogado e Professor de Direito Ambiental com maior atuação no contencioso cível, administrativo e penal ambiental, além de prestar consultoria e assessoria ambiental. É Mestre em Direito e Desenvolvimento Sustentável: Direito e Políticas Públicas pelo Centro Universitário do Pará – Belém. Especialista em Direito Público com Ênfase em Gestão Pública e Capacitação para o Magistério Superior pelo IBMEC São Paulo. Conselheiro Seccional Suplente – OAB/PA. Conselheiro Suplente no Conselho de Desenvolvimento Urbano de Belém/PA. Professor Universitário de Graduação e Pós-Graduação, focado em Direito Ambiental, Direito Administrativo e Direito Constitucional. Sócio-fundador da Escola de Direito Ambiental. Sócio-fundador do Canal no YouTube e Podcast Inteligência Ambiental, maior canal do Brasil sobre Direito Ambiental. Professor em preparatórios para concursos públicos e exame de ordem, com foco em Direito Ambiental e Ética Profissional. Membro da União Brasileira de Advogados Ambientais (UBAA).
Inscreva-se em nossa newsletter e receba nosso conteúdo em primeira mão!
Conte com nosso conhecimento técnico para seu desenvolvimento estratégico e sustentável.
Inteligência Ambiental Podcast #12 Entenda sobre o Compliance Ambiental | Lançamento de Ebook Reproduzir episódio Pausar episódio Ativar/desativar o som…